"(...) No amor não há dúvidas quanto à natureza de amor. Podem existir outras, do estilo "gosto dela, mas não gramo a família dela nem com molho de tomate" ou " ele é adoravel mas vou ter de lhe comprar boxers novos porque odeio aqueles slips que ele usa", mas não pomos em causa o amor que sentimos.
Citando Fernando Alvim numa das suas crónicas, quando se gosta de alguém temos sempre rede, nunca falha a bateria, nunca nada nos impede de nos vermos e nem de nos encontrarmos no meio de uma multidão. Quando se gosta de alguém, ouvimos sempre o telefone, a campainha da porta, lemos sempre a mensagem que nos deixaram no vidro embaciado do carro desse Inverno rigoroso. Quando se gosta de alguém - e estou a escrever para os que gostam -, vamos para o local do acidente com a carta amigável, vamos ter com ela ao corredor do hospital ver como estão os pais, chamamos os bombeiros para abrirem a porta, mas nada nos impede de estar juntos, porque nada nem ninguém é mais importante que nós.
Um dos sinais inequívocos do amor é exactamente essa terceira entidade, o Nós, a consciência de que o Eu e o Outro formam algo que nos diferencia do resto do mundo. E o tempo que temos na nossa vida para Nós."
~ Gostar ou não eis a questão, in Onde Reside o Amor, Margarida Rebelo Pinto
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