sábado, 28 de junho de 2008

às vezes

às vezes na noite escura fico a imaginar que te aproximas de mim de mansinho, que a tua presença me vem confortar no sono atribulado, me vem curar dos pesadelos que me assaltam quando estás longe. às vezes, na calma que antecede o nascer do dia fico a olhar o céu que clareia, enquanto espero que todas as estrelas se apaguem, sabendo que não te apagas com elas. às vezes, quando tudo está um caos, quando a tempestade estremece os vidros da janela, quando leva a luz e eu fico no escuro, sozinha, penso em ti.

sábado, 5 de abril de 2008

A...ar

Palavras soltas, significados soltos, a mesma forma, o mesmo paralelismo de construção... cheiros, sombras... ruídos e sons ocultos na noite escura, no breu celeste que encobre a minha alma turva... escrevo este poema, este texto, este drama, este livro, esta trama, este enleio que enrola, rola e rebola, até parar...

Quando a trama para de rolar... e fica só o livro, calmo, à beira-mágoa... a tocar a mágoa, à tona da água, à ponta do caos...!

Tenho medo, mamã. Tenho medo da morte, do cheiro dos cadáveres putrefactos, medo do instinto feroz, animal, carnal, que nos tolda as almas presas ao corpo... guardo em mim recordações de outros horizontes...
A calma... mas ela não me ouve e abandona-me enrolada nos meus medos e receios! Tenho fúria de viver, tenho febre na alma, tenho o corpo quente escaldado pela luz do luar... tenho o sangue frio que me corre no peito e que não me quer deixar amar... sentir... gostar... sorrir...

Mas eu amo.
e o mal é amar demais.
Amo demais a quem guardo no peito.
Amo demais a vida que nos toca,
a memoria que nos rodeia
Amo demais a caneta e o papel com que escrevo
bem
devagarinho...

boa noite papão...
bons sonhos...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Cadernos de Lanzarote

Contar os dias pelos dedos e encontrar a mão cheia

Foi assim que tudo começou. Primeiro os dias passavam lentamente, arrastando as suas infinitas horas em meses! Anos na minha cabeça! Depois, comecei a contá-los pelos dedos. Nessa altura contava tudo: contava os dias que faltavam para estar com ele, contava os dias que faltavam para as férias, contava os dias que passavam desde a última saída… perdi-me no meio de tantas contas e de tantos dedos. Agora já não sei se foram cinco dias que pareceram cinco anos ou cinco anos que pareceram cinco dias… mas, chegado o final, as minhas mãos estavam cheias de contas e cheias de histórias para contar. Procuram agora alguém para as ouvir.

(troca de ideias conjunta com o André... porque gostei da frase :p)


terça-feira, 25 de setembro de 2007

som

nos ouvidos cansados do burburinho constante da cidade atarefada sussurra a melodia clara e calma que faz bater o meu coração à velocidade do teu.
(sinto saudades do teu gosto a sal, quando perdíamos horas a murmurar palavras que se perdiam no espaço ocupado por dois corpos que se tornaram um só)

terça-feira, 11 de setembro de 2007

cinco minutos

só mais cinco minutos, murmurava ele, abraçado à sua companheira de todas as noites, a fiel almofada, não querendo sair do mundo dos sonhos para a vida lá fora, só mais cinco minutos...

só mais cinco minutos, murmura ela, no calor dos braços dele, o seu companheiro de todas as noites, com quem (encostando a cabeça ao seu peito e sentindo cada inspirar, cada bater do coração) entra num sonho tornado real... só mais cinco minutos...

five minutes of love, five minutes of hate, five minutes i tried to call your name
five minutes of passion, five minutes of everything...


e, abraçados, pedem mais cinco minutos no sonho das suas vidas.
(aqueles cinco minutos foram o mundo..)

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

ET

eu não compreendo as pessoas, por vezes acho que sou um ser verde de outro qualquer planeta estranho. eu não pertenço a este mundo não fui feita para viver entre quem não tem coragem para arriscar. será que existe o planeta do amor? o planeta da loucura? não tenho a certeza de qual deles embarquei na minha nave espacial mas infelizmente não viemos do mesmo lugar. "as mulheres são de vénus, os homens são de marte" e eu vim de fora do sistema solar, não há lugar aqui.
ou pelo menos continuo à procura.

"Lay your head down child I won't let the boogeyman come
Counting bodies like sheep to the rhythm of the war drums"

domingo, 26 de agosto de 2007

sonhar

o sonho ainda não acabou embora a terra me puxe pelos pés e diga que é hora de acordar. dá-me só mais uns minutos no calor da cama, no calor do teu abraço, não quero mais sair daqui.



não tenho condições pra existir, vou entrar em hibernação e deixar à entrada um sinal... Fechado Para Obras.